sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Três policiais civis são presos por desvio de crackpossível participação no fato está sendo analisada.


Três policiais civis que atuavam na 13ª Subdivisão Policial (SDP) foram presos ontem, em Ponta Grossa, acusados do desvio de 15 quilos de crack da delegacia. O ex-superintendente da 13ª SDP, investigador Luciano de Oliveira Cruz, e o investigador Roberto Gebeluka foram presos em suas casas, no início da manhã, por policiais da Corregedoria da Polícia Civil, de Curitiba. O ex-chefe da Seção de Furtos e Roubos, investigador José Carlos Vargas, se apresentou por volta do meio-dia. Os três foram conduzidos a uma cela especial na capital do Estado.

As prisões foram efetuadas em cumprimento a mandados de prisão temporária expedidos pela 2ª Vara Criminal de Ponta Grossa, onde tramita o processo envolvendo o furto da droga. A Corregedoria também fez buscas por uma quarta pessoa, que não é policial civil, mas ela não foi encontrada e é considerada foragida.

Em entrevista coletiva, na tarde desta sexta-feira, o delegado Adilson Ricardo da Silva, que comanda as investigações, informou que a apuração do crime revelou mais situações de desvio de conduta dos policiais. O delegado preferiu não citar os nomes ao detalhar as ações, mas deu a entender que em pelo menos dois casos José Carlos teria “plantado” droga para garantir a prisão em flagrante de duas pessoas: um bacharel em Direito e um apresentador de televisão.

Os policiais ficarão presos por 30 dias, prazo em que as investigações sobre o crime devem ser concluídas. Posteriormente, a prisão temporária poderá ser convertida em preventiva.

Parafina

Adilson relembrou que o crack foi desviado de um total de 21 quilos, apreendidos em 26 de julho do ano passado, pela Força Samurai, em Ponta Grossa. Segundo ele, o furto aconteceu em agosto de 2010, menos de um mês depois da apreensão. Os 15 quilos do entorpecente foram substituídos por parafina e, conforme a autoridade, vendidos por R$ 100 mil.

A denúncia anônima sobre o furto de crack foi feita no dia 6 de abril deste ano por José Carlos. “Quem delatou foi o próprio responsável pelo crime”, afirmou o delegado.

Segundo ele, o objetivo da denúncia era desestruturar a atual chefia da 13ª SDP, provocando um escândalo na cidade e, consequentemente, a queda da delegada-chefe Valéria Padovani de Souza. A informação sobre o desvio de droga foi repassada poucos meses após a mudança de gestão, ocorrida em meados de janeiro, com a mudança no governo estadual. “A troca é natural quando há alternância de administração. O que percebemos é que a administração anterior gostaria de continuar e que não houvesse remoção de policiais”, contou. De 2007 até o início deste ano, a 13ª SDP era comandada pela delegada Araci Carmem Costa Vargas, esposa de José Carlos.

Ministério Público

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, acompanha as investigações sobre o furto. Como ainda não recebeu o relatório da Corregedoria da Polícia Civil, o órgão preferiu não se manifestar a respeito das prisões.

Denúncia foi feita por um dos autores

O delegado Adilson Ricardo da Silva, da Corregedoria da Polícia Civil, destacou que a investigação começou no dia em que o Gaeco recebeu a denúncia. Na tarde do dia 6 de abril, três promotores públicos, acompanhados de policiais civis, foram ao depósito da 13ª SDP, onde ficam guardados as drogas apreendidas e outros objetos de crime.

“A pessoa que fez a delação anônima disse que a droga havia sido vendida pela atual administração a um traficante. Só que nós identificamos que quem fez a ligação foi um policial civil que havia sido transferido para Castro”, contou.

“A inspeção foi realizada e constatou-se visualmente e através do exame químico que 15 tabletes de crack haviam sido trocados por parafina”. O material, que havia sido envolto em bexigas assim como o crack apreendido pela Força Samurai, foi encaminhado para exames no Instituto Médico Legal (IML) e Instituto de Criminalística (IC). “Durante a inspeção, a pessoa que estava ao telefone foi dando as coordenadas, mostrando conhecer bem o local”. Segundo o delegado, enquanto um dos policiais falava com o Gaeco, outro conversava com alguém que estava dentro da delegacia.

Adilson destacou que o maior desafio dessa investigação foi descobrir quando aconteceu o furto. “Foi uma apuração complexa, minuciosa de crime de tráfico de drogas envolvendo policiais”, diz. “Há indícios fortíssimos de que a droga foi furtada em agosto do ano passado. Temos provas, testemunhas e informações de que houve contatos telefônicos na época”.

De acordo com o delegado, ainda não se sabe onde a droga foi parar. “Talvez tenha saído do Estado. O montante de dinheiro (R$ 100 mil da venda) chegou a ser visto na cidade”, revelou. (E.S.)

Corregedoria revela outras irregularidades



Durante a investigação sobre o sumiço do crack da 13ª SDP, a Corregedoria descobriu pelo menos mais duas irregularidades cometidas por José Carlos Vargas. Em vistoria no depósito, a polícia sentiu falta de 146 gramas de cocaína apreendidos de uma quantidade supostamente maior, em 2008.

A prisão em flagrante de um apresentador de televisão, realizada durante operação da Polícia Civil, também teria sido ilegal. “Ele foi preso em flagrante com mais de um quilo de cocaína, mas, pelo que verificamos, há suspeitas fortes de que o acusado estava com menor quantidade, que talvez nem renderia flagrante”, explicou o delegado Adilson Ricardo da Silva.

Outro caso envolveu um bacharel em Direito. O carro dele foi abordado na área central e, durante a primeira revista, nada foi encontrado. Segundo o delegado, José Carlos teria dirigido o carro logo depois, sozinho, e quando o veículo foi entregue na 13ª SDP, ele pediu para que fosse feita mais uma vistoria. Aí então foram encontrados 200 gramas de crack na caixa de fusível.

“Não sabemos o motivo para que essas drogas tenham sido ‘plantadas’, provavelmente devido a um incentivo financeiro ou externo”, conta Adilson.

Ele ressaltou ainda o clima existente dentro da delegacia na gestão passada. “É nítida a influência que o então chefe da Seção de Furtos e Roubos exercia. Os policiais tinham medo de retaliação”. (E.S.)

Evolução patrimonial é incompatível

O inquérito sobre o furto de crack ainda não foi concluído. “Há situações que vão ser apuradas pelo Ministério Público e pessoas que nem estão presas também estão sob investigação”, revelou o delegado Adilson Ricardo da Silva. Sobre a delegada Araci Carmem Costa Vargas, a autoridade informou que não foi pedida a prisão dela e que sua possível participação no fato está sendo analisada.

O que ele pretende sugerir ao MP é uma investigação acerca da evolução patrimonial de Araci e do seu marido, José Carlos Vargas. “Temos indicativos de evolução incompatível com a renda do casal”, comentou.

Adilson vai ainda propor à Polícia Civil mudanças em relação ao depósito das delegacias, em que ficam armazenados drogas e armamento. (E.S.)

Fonte: Diario dos Campos

A delegada chefe da 13ª SDP Araci Carmen Costa e José Carlos Vargas conferem o lançamento da marca.Publicado em: 23/09/2010


Polícia
Publicado em: 06/05/2011 - 06:00 | Atualizado em: 21/10/2011 - 10:27
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Edilene Santos
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EX-CHEFE Araci Carmem Costa Vargas é alvo de investigação sobre o sumiço de crack na 13ª SDP
A ex-chefe da 13ª Subdivisão Policial (SDP), Araci Carmem Costa Vargas, será transferida para Londrina, onde vai trabalhar na Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran). A informação foi confirmada ontem pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), para quem a mudança trata-se apenas uma “oxigenação” dentro da Polícia Civil. A decisão pela transferência de Araci, que estava lotada em Castro desde fevereiro, foi tomada durante reunião do Conselho da Polícia Civil. O investigador José Carlos Vargas, esposo de Araci, também irá para a cidade do Norte do Estado. O processo de transferência deve durar no mínimo uma semana.
Araci é alvo das investigações sobre o sumiço de 15 quilos de crack ocorrido dentro da 13ª SDP. “A investigação atinge tanto o período em que Araci estava no comando da delegacia quanto a época da Valéria [Padovani de Souza, atual chefe da SDP], uma vez que a droga que desapareceu foi apreendida em julho do ano passado e denúncia chegou no começo de abril. Todos os policiais que estavam trabalhando na unidade nesse período estão sendo investigados”, explicou o delegado Adilson Ricardo da Silva, da Corregedoria da Polícia Civil. Valéria assumiu a chefia em meados de janeiro.
Adilson garante que a transferência da delegada Araci nada tem a ver com a investigação da Corregedoria. “Essa mudança cabe a uma alçada superior. Eu não fiz pedido nesse sentido”, afirma.
Segundo o delegado, as investigações estão caminhando através de oitivas e meios periciais. “Não posso afirmar, de forma precisa, que foi fulano ou beltrano o responsável pelo crime. Nós ainda não temos uma autoria determinada. A grande questão é quando essa droga foi retirada”, revela.
De acordo com Adilson, ainda não é possível determinar um prazo para o fim da investigação. “Mas é um caso de prioridade dentro da Corregedoria e esperamos dar uma resposta rápida à sociedade, já que alguns meios de comunicação estão generalizando o caso e os policiais estão sendo motivo de chacota. O problema é quem fez isso”, comenta.