INDEFINIÇÃO Vereadores na primeira sessão de 2011: atividades parlamentares começam sem comissõesA Câmara Municipal de Ponta Grossa iniciou o período ordinário de 2011 sem suas comissões permanentes, responsáveis por analisar os projetos a serem apreciados em plenário. Uma decisão do presidente do Legislativo, Maurício Silva (PSB), anulou a reunião que em dezembro do ano passado definiu a composição dessas comissões. Agora, caberá à Mesa Executiva e, posteriormente, ao plenário a decisão sobre a reformulação ou não dessas formações.
A polêmica teve início dias após a eleição da atual Mesa Executiva. Durante sessão extraordinária, o então presidente Sebastião Mainardes Júnior (DEM) convocou uma reunião para definir as novas comissões. Vereadores que integraram o grupo de apoio à candidatura de Maurício boicotaram o encontro. Mesmo assim, os parlamentares presentes oficializaram as novas composições, reservando a maioria dos lugares ao grupo derrotado na eleição para a presidência.
Ainda em dezembro, os vereadores contrariados apresentaram um recurso ao presidente, contestando o procedimento. Eles alegavam que a definição das comissões não constava na pauta da sessão e que a vereadora Alina de Almeida César assinou como líder do PMDB, cargo que não exercia. Com base em um parecer do assessor jurídico Thayan Gomes da Silva, que considerou legal o processo, Mainardes referendou no dia 29 de dezembro a definição das comissões permanentes.
Até a semana passada, Maurício informava que daria conhecimento aos demais vereadores da decisão de Mainardes. Nesse caso, se algum parlamentar se sentisse prejudicado, deveria apresentar recurso. Ontem, porém, a situação foi diferente. Um parecer assinado por todos os membros do Departamento de Assuntos Técnicos e Jurídicos (DATJ) opinou pela anulação da reunião, do primeiro parecer da decisão de Mainardes. Maurício acatou a recomendação e na terça-feira decretou nulos todos os procedimentos.
“Informei que submeteria a questão ao Departamento Jurídico e, de acordo com o parecer, agiria”, esquivou-se Maurício. Os membros do DATJ referendaram os argumentos apresentados pelos vereadores, de que a formação das comissões teria sido irregular. Agora, a decisão do presidente será apreciada pela Mesa Executiva, que emitirá parecer favorável ou contrário. No prazo máximo de três sessões esse parecer será apreciado pelos vereadores em plenário.
Pascoal é escolhido novo corregedor geralSe a composição das comissões permanentes da Câmara Municipal ainda é um mistério, pelo menos a Corregedoria da Casa já está definida. Em comum acordo, os vereadores escolheram Pascoal Adura (PMDB) para ser o corregedor geral pelos próximos dois anos. Ele irá substituir Márcio Schirlo (PSB) no comando do órgão, criado para tratar de questões relacionadas à ética e a disciplina dos parlamentares.
“Sinto-me honrado e agradeço o apoio dos colegas na aprovação ao meu nome”, disse Pascoal, que já fazia parte da Corregedoria nos dois últimos anos. No final do ano passado ele até cogitou a possibilidade de concorrer à presidência, apontando a necessidade de se promover uma “varredura” no Legislativo. Ontem, ele enfatizou que não tem ligação com nenhum grupo dentro da Casa. “Não faço parte de grupo político nenhum, continuo fazendo oposição consciente e responsável”.
Durante reunião realizada ontem, foram definidos os demais membros da Corregedoria. Desses, seriam escolhidos quatro titulares e dois suplentes. São eles Júlio Küller (PPS), Valfredo Laco Dzázio (PRP), George Luiz de Oliveira (PMN), Alina de Almeida César (PMDB), Alysson Zampieri (PPS) e Edilson Fogaça (PTN).
De acordo com a lei que regulamenta o funcionamento da Corregedoria, ao corregedor geral cabe promover a manutenção da ordem e da disciplina no Legislativo, presidir sindicâncias sobre denúncias contra vereadores e baixar provimentos no sentido de prevenir perturbações da ordem e da disciplina. Entre as faltas contra a ética e o decoro estão uso de palavras e expressões inadequadas, desacato aos colegas, perturbação da ordem, acusações inverídicas, fraude em votações, uso da estrutura pública em benefício próprio e desvio de recursos. As penalidades variam de advertência pública a perda do mandato.
Ficha limpa será exigida no poder público municipalREGRAS Júlio Küller é autor do projeto que restringe nomeações
A chamada lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de pessoas condenadas pela Justiça em segunda instância, pode ser estendida a alguns cargos do poder público em Ponta Grossa. A Câmara Municipal aprovou ontem em primeira discussão projeto do vereador Júlio Küller (PPS) que cria regras mais rígidas para a nomeação de secretários municipais e ocupantes de cargos de direção, tanto no Executivo como no Legislativo.
“É uma cópia quase perfeita do projeto que foi aprovado no Congresso Nacional”, resumiu Küller. De acordo com o texto, fica proibida a nomeação para cargos de secretário municipal ou equivalente, além de cargos de direção no Executivo e Legislativo, pessoas que tenham contra si condenação, em decisão transitada em julgado (à qual não cabe mais recurso), ou proferida por órgão colegiado. A proibição vale pelo período de cinco anos.
“Se a pessoa não pode se candidatar por estar com a ficha suja, também não pode ir para o poder público”, argumenta Küller, que também apontou como um de seus objetivos lutar contra o “falso moralismo”. “Muitos posam de santinho, mas na primeira oportunidade se entregam ao diabo”, emendou, acrescentando que pessoas na Prefeitura estariam “tramando contra o projeto”.
O projeto foi aprovado por unanimidade pelos 15 vereadores, que voltam a apreciá-lo na sessão da próxima segunda-feira. A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg) emitiu nota ontem manifestando apoio à proposição. “A transparência na gestão pública é algo determinante para resgatar a crença do cidadão na política e ao mesmo tempo garantir a moralização e o compromisso com o que é público”, diz o texto, assinado pelo presidente Márcio Pauliki.
Na Assembleia Legislativa, um projeto nesses moldes foi apresentado na legislatura passada pelo deputado Marcelo Rangel (PPS). Porém, a matéria não foi votada em plenário e, por conta disso, acabou sendo arquivada. No início da nova legislatura, Rangel reapresentou a proposta, juntamente com iniciativas similares dos deputados Stephanes Júnior (PMDB) e André Bueno (PDT).
Publicado em: 17/02/2011